Cinema e Psicanálise Vol. 6: Afetos em Cena

“Afetos, sentimentos e emoções mobilizados pela linguagem cinematográfica são oferecidos de forma extensa e criteriosa neste volume. Textos que respondem em ato ao desafio que é constante na prática dos psicanalistas. Aprender a ler com um discurso heterogêneo e sustentar um dizer com a imagem em movimento. Abertura ao novo e ao real impossível de ser consumido, inventando-se novas associações face aos movimentos excludentes e totalizantes. A travessia continua, nossa leitura também.” – Robson de Freitas Pereira, psicanalista, membro da Associação Psicanalítica de Porto Alegre- APPOA.
 
Em 1925, Sigmund Freud recebeu um convite para colaborar na realização de um filme sobre a popularização da psicanálise. Sua negativa, contudo, se deveu ao fato de que não lhe parecia possível “fazer uma representação plástica minimamente séria de nossas abstrações.” Ainda assim, Segredos de uma Alma (Geheimnisse einer Seele, dir.: G.W Pabst, Alemanha, 1926, 97, P&B), foi o primeiro psicanalítico, com consultoria de Karl Abraham e Hanns Sachs, foi lançado com sucesso em 1926. Qual seria a surpresa, então, ao ver que em pleno século XXI tanto a psicanálise quanto o cinema estejam vivos e considerados indissociáveis da cultura ocidental.
Assim, não é à toa que o sexto volume da Coleção Cinema e Psicanálise seja dedicado ao tema dos afetos. Se, como sugerem os organizadores, “tanto na clínica como no cinema, a velocidade da significação depende fundamentalmente dos recursos ligados à economia dos afetos”, em uma época em que a primazia da imagem impera, caberá à inscrição de uma gramática dos afetos, no caso, realizada por meio da linguagem fílmica, a condição de realização da significação. O fato é que psicanálise e cinema aproximam o sujeito de si próprio, como bem atesta “Afetos em Cena”.
 
Giovanna Bartucci, psicanalista, professora e doutora em Teoria Psicanalítica.